1.1.1.1.2.1.1.2. Tipos
de linfócitos.
Existem dois tipos principais de linfócitos no organismo, os
linfócitos B, que são células imaturas produzidas na medula óssea e lançadas
para a corrente sanguínea para produzir anticorpos contra bactérias, vírus e
fungos, e os linfócitos T, que são produzidos na medula óssea, mas que depois
são desenvolvidas no timo até se dividirem em três grupos:
Linfócitos CD4: ajudam os linfócitos B a eliminar infecções, sendo
o primeiro alerta do sistema imune. Normalmente estas são as primeiras células
a serem afetadas pelo vírus do HIV, sendo que em pacientes infectados o exame
de sangue indica um valor inferior a 100/mm3.
Linfócitos CD8: diminuem a atividade de outros tipos de
linfócitos e, por isso, encontram-se aumentados em casos de HIV estando acima
de 1000/mm3.
Linfócitos citotóxicos: destroem células anormais e infectadas por
vírus ou bactérias.
Porém, os testes do tipo de linfócitos, especialmente do tipo CD4
ou CD8, devem ser sempre interpretados por um médico para avaliar se existe
risco de ter HIV, uma vez que outras doenças também podem provocar o mesmo tipo
de alterações.
Assim, caso exista dúvidas sobre estar infectado pelo HIV deve se aconselhar
o querelante a fazer o teste de laboratório que procura o vírus dentro das
células do organismo.
1.1.1.1.2.2. Alteração dos resultados do hemograma.
É recomendável que para interpretar os resultados do
hemograma completo é necessário consultar o médico que pediu o exame, pois nem
sempre que existe uma alteração nos valores do exame significa que existe um
problema de saúde.
Quando há alguma alteração dos resultados do
hemograma, é importante que o médico avalie o indivíduo, levando em
consideração os sintomas que ele apresenta. Muitas vezes, apesar de haver
alguma alteração ligeira num dos valores do hemograma, isto não representa necessariamente
um problema de saúde.
1.1.1.1.2.3. Como interpretar o hemograma.
Para interpretar o hemograma devem-se observar seus
resultados e verificar se os valores estão normais, alto ou baixo.
Algumas situações que poderemos encontrar no hemograma
são:

1.1.1.1.2.4. Hemograma RDW.
A sigla RDW presente no hemograma significa Red Cell
Distribution Width, que indica a variação do tamanho das hemácias. O Red Cell
Distribution Width é um índice que indica a anisocitose (variação de tamanho)
de hemácias representando a percentagem de variação dos volumes obtidos. É
obrigatória a sua mensuração para o estabelecimento do diagnóstico de
Policitemia vera.
A policitemia é o aumento no número de hemácias (
também chamadas 'eritrócitos' ou 'glóbulos vermelhos') no sangue. Isso pode
ocorrer, por exemplo, quando nos deslocamos para regiões de elevadas altitudes,
onde o ar é rarefeito (contendo pequeno teor de oxigênio). Nessa condição, o
organismo através da liberação de um hormônio (ou hormona) produzido pelos rins
- a eritropoietina -, estimula a produção de hemácias, num mecanismo de
compensação para normalizar o transporte de oxigênio para as células. Nesse
caso, temos a policitemia fisiológica.
ZAGO (2004) diz que é
a “doença mais comum entre os judeus askenazi”. A policitemia vera, ou
policitemia rubra vera, é um distúrbio
mieloproliferativo crônico devido à anormal multiplicação clonal de uma célula
progenitora hematopoiética pluripotencial na ausência de estímulo fisiológico
reconhecível, em que ocorre sobreprodução sobretudo de eritrócitos, bem como de
granulócitos e plaquetas de fenótipo normal. Entendemos que na policitemia vera
(PV), as células que produzem glóbulos vermelhos (eritrócitos), mas também
plaquetas e alguns glóbulos brancos (granulócitos) estão a trabalhar demais e
sobrevivem demais. Assim, produzem mais células para o sangue do que deviam e
impedem as outras células-mães (boas) de fazerem o seu trabalho.



Modelo molecular da Fenilalanina.
Acredita-se que uma mutação na região autoinibitória
da tirosinoquinase (As tirosina quinases são proteínas responsáveis pela fosforilação de
substratos protéicos, como por exemplo, enzimas) JAK-2 - que substitui
a valina por
(***)
fenilalanina - que é um dos aminoácidos essenciais ao ser humano, ou seja,
não pode ser sintetizado pelo organismo humano e tem de ser adquirido através
da dieta. É um composto natural que está presente em todas as proteínas.
(V617F), causando ativação constitutiva da quinase, parece ter um papel central
na patogenia da PV. JAK-2 é um membro de uma família da tirosinoquinase não receptora,
evolucionariamente bem conservada, e serve como análoga da tirosinoquinase para
os receptores da eritropoietina e trombopoietina.
A alteração da conformação induzida nesses receptores
após a ligação à (*) trombopoietina e (**) eritropoietina, ou e eritropoetina leva
à auto fosforilação da JAK-2, fosforilação do receptor e fosforilação das
proteínas envolvidas na proliferação, diferenciação e resistência celular a
apoptose.
1.1.1.1.2.4.1. NOTA DO AUTOR.
(*) Trombopoietina é um hormônio glicoprotéico
produzido pelo fígado e rins que regula a produção de plaquetas pela medula
óssea. Ele estimula a produção e a diferenciação de megacariócitos, as células
da medula óssea que se fragmentam em grandes números de plaquetas.
(**) Eritropoetina ou EPO é uma “hormona – em português
brasileiro, é uma substância química específica fabricada pelo sistema
endócrino ou por neurônios altamente especializados e que funciona como biossinalizador.
O termo provém do grego ormao que significa evocar ou excitar” -, de
glicoproteína que controla a eritropoiese, ou a produção de células vermelhas
do sangue. É uma citocina - molécula de sinalização de proteína, para
eritrócitos - glóbulos vermelhos, precursores da medula óssea. A EPO humana tem
um peso molecular de 34 kDa(O símbolo “uma” para designar unidade de
massa atômica ainda pode ser encontrado, apesar de não ser recomendado. Massas
atômicas quase sempre são escritas sem unidades, ficando implícita “u”. Na literatura sobre biologia moleculara e
bioquímica, principalmente quando se faz referência a proteínas, o termo
“Dalton” (símbolo Da) é usado. Por terem alto peso molecular as proteínas tem
seus pesos dados em kilodaltons ou kDa, equivalente a 1000 Dalton). Também
chamada de hemopoetina (Eritropoetina; substância do estômago e
que age como um fator sobre a proteína alimentar a fim de produzir substância
hematopoética semelhante ao princípio ativo do fígado), é produzida
por fibroblastos intersticiais no rim em estreita associação com o peritubular
capilar e túbulo epitelial tubular. Também é produzido em células
perisinusoidais no fígado. Enquanto a produção hepática predomina no período
fetal e perinatal, a produção renal é predominante durante a idade adulta. Além
disso, a eritropoiese (É denominado eritropoiese o processo de
produção de eritrócitos. Em humanos adultos, a eritropoiese ocorre na medula
óssea, mas em fetos e situações especiais como anemias severas pode ocorrer em
outros órgãos, principalmente no fígado e no baço), a eritropoietina tem também outras
funções biológicas conhecidas. Por exemplo, ela desempenha um papel importante
na resposta do cérebro à lesão neuronal. EPO também está envolvido no processo
de cicatrização da ferida.


No nível celular a hipóxia causa, inicialmente, perda
da fosforilação oxidativa e da produção de ATP pelas mitocôndrias, ou seja,
inicialmente a hipóxia impede a célula de usar seu principal meio de obtenção
de energia. A ausência de energia levará a uma série de mudanças metabólicas e
morfológicas na célula, podendo levá-la à morte.
Inicialmente a atividade da ATPase Na+/K+ dependente é
bloqueada, e isso leva à completa perda da homeostasia(bio processo de regulação pelo
qual um organismo mantém constante o seu equilíbrio) iônica da célula,
ocorre influxo de Na+ para o citoplasma e por osmose também ocorre entrada de
água. Neste momento a célula se torna edemaciada, com bolhas na membrana
plasmática, perda de micróvilos e desagregação de ribossomos do retículo
endoplasmático rugoso.
Ao microscópio eletrônico são visíveis mitocôndrias
também edemaciadas, com massas amorfas em seu interior quando a lesão evolui. A ausência de ATP leva a inatividade da bomba
de Ca++, e o aumento da concentração de Na+ leva à inatividade do trocador de
Na+/Ca++, com isso há aumento da quantidade de Ca++ citoplasmático. No
citoplasma o Ca++ é responsável por ativar enzimas autolíticas como
proteolases, endonucleases e fosfolipases danificando completamente a célula. A digestão da célula pelas próprias enzimas
lisossômicas também é ajudada pela redução do pH citossólico, que decorre da
intensa atividade glicolítica anaeróbica da célula em busca de energia. Esta
via leva ao acúmulo de ácido pirúvico.
(***) A Fenilalanina - É um cristal branco ou pó cristalino,
sem odor ou com um leve odor característico e com um sabor levemente amargo.
Prontamente solúvel em ácido fórmico, frugalmente solúvel em água e
praticamente insolúvel em etanol. Dissolve-se em ácido hidroclorídrico diluído.
A Fenilalanina é um dos aminoácidos codificados pelo código genético, sendo,
portanto um dos componentes das proteínas dos seres vivos.
É um composto natural que está presente em todas as
proteínas (vegetais ou animais). O corpo humano necessita da fenilalanina, pois
é uma parte integral de todas as proteínas do nosso corpo. Os humanos não
conseguem sintetizar a fenilalanina, logo é um componente essencial da nossa
dieta diária, sem ela o corpo não consegue funcionar.
A fenilalanina é encontrada no aspartame é um
adoçante, substituto do açúcar, é muito utilizada em bebidas, principalmente refrigerante.
Os alimentos ricos em fenilalanina são aqueles que contêm muitas proteínas,
como carnes, peixes e leite e derivados. As pessoas com fenilcetonúria têm de
controlar o consumo de fenilalanina, pois acumula esse aminoácido no organismo,
o que leva a problemas como atrasos no desenvolvimento psicológico e
convulsões. A fenilcetonúria é uma doença congênita sem cura, e o seu
tratamento é feito evitando a ingestão de alimentos com fenilalanina. Esta
doença é detectada no teste do pezinho e o seu tratamento precoce permite que
as crianças cresçam sem outras complicações.

Pode ocorrer a policitemia fisiológica. Neste aspecto é
desencadeada, por exemplo, quando mudamos nosso ambiente. Quando vamos para
locais altos, com o ar rarefeito. Podemos, nessas circunstâncias, sofrer do
mesmo problema. Já a policitemia vera, não se sabe ainda o que desencadeia a
doença.
Embora não seja o objetivo deste trabalho, apresentar
sintomas de patologias, vejamos:
1.1.1.1.2.4.2. Os principais sintomas.
A policitemia vera pode apresentar uma série de
sintomas em decorrência da sua influência no sangue. Confira os
sintomas.
I.
Zumbidos;
II.
Problemas
visuais;
III.
Hipertensão;
IV.
Derrame
visual;
V.
Vermelhidão
nos olhos;
VI.
Vertigens;
VII.
Dores
de cabeça;
VIII.
Cansaço
exagerado;
IX.
Hemorragias
nasais;
X.
Trombose;
XI.
Sangramento
nas gengivas;
XII.
Cálculos
renais;
XIII.
Leucemia
(em casos bastante raros);
XIV.
Sensação
de queimação nas mãos e também nos pés;
XV.
Dor
nos ossos.
O Diagnóstico da policitemia vera pode ser feito com o
exame hemograma, realizado. Esse teste mostrará se a hemoglobina, as plaquetas
e outros fatores do sangue estão em níveis mais altos do que o normal. Em
alguns casos, para confirmar a doença, pode ser preciso realizar uma biópsia da
medula ou mesmo um mielograma.
O profissional da saúde realizará todos os exames
necessários para garantir que os sintomas não estejam se confundindo com outra
doença.
O tratamento, como o problema é o exagero de elementos
no nosso sangue, é preciso controlar isso. Uma alternativa é a flebotomia
terapêutica, que busca reduzir a quantidade de hemácias em nosso sangue,
removendo doses diárias do mesmo.
Alternativa seria a quimioterapia, que eliminaria as
células que produzem os glóbulos e plaquetas em quantidades exageradas. Pessoas que não optarem pela realização do
tratamento possuem uma expectativa de vida de 2 anos. Caso a pessoa opte pelo
tratamento, a expectativa aumenta para 15 anos. Os tratamentos buscam diminuir
a quantidade de elementos no sangue, que são frequentemente repostas pelo
corpo.
A policitemia vera é uma doença maligna e muito séria.
Não possui cura e por isso necessita de constante tratamento.
È necessário ficar atento nos caso do paciente sentir
algum dos sintomas é indicado que busque
um acompanhamento profissional o mais rápido possível. Afinal como abordado
aqui no texto, infelizmente a expectativa de vida não é muito alta.
1.1.1.1.2.5. Conclusão.
É importante entender que o hemograma completo avalia
apenas os itens apresentados nos parágrafos anteriores.
É importante esclarecer que para avaliar outras
condições de saúde é necessário solicitar exames específicos, que apenas o
médico pode definir empós uma consulta.
Nesta linha de raciocínio, para avaliar Colesterol, é
necessário a dosagem de colesterol e frações ou lipidograma; Diabetes, é
necessário dosar a glicemia; Alterações no rim é necessário Ureia e Creatinina,
dentre outros; Alterações no fígado: TGO, TGP, GGT, Fosfatase Alcalina,
Bilirrubina total e frações, Coagulograma e Proteinograma, dentre outros.
No Volume I apresentamos as listas de exames
em ordem alfabética. Como exemplos: Exames
Clínicos em ordem - Letras “A” à “Z”.
1.2. Dúvidas frequentes quando dos exames.
Os alunos que
ingressam em cursos diversos, além de medicina e farmácia, sempre apresentam em
sala algumas dúvidas em relação alguns procedimentos realizados em Laboratório
de Análises Clínicas.
O autor com a
sua experiência como professor em Laboratório de Análises Clínicas recebe
correspondência onde se apresenta muitas dúvidas, e as mais recorrentes são
sobre exames, preparo para exames, e a mitologia criada ao longo do tempo,
muitas por total falta de cognição em relação ao tema. Assim nesta primeira parte
do trabalho monográfico apresentarei alguns pontos para visar dissipar as
dúvidas.